domingo, 16 de dezembro de 2007

Governo facilita curso de pós a distância

13/12/2007 - 08h47

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

O Ministério da Educação decidiu diminuir a exigência para abertura de cursos de especialização (pós-graduação lato sensu) a distância no país. Agora, as universidades não precisarão mais ter um prédio com tutor (professor), biblioteca e estrutura de apoio ao estudante na região em que a pós-graduação é oferecida.

Atualmente, para se abrir um curso nesse formato, é obrigatório que a instituição tenha essa estrutura (chamada oficialmente de pólo presencial).

O governo entendeu que a exigência era muito alta e desacelerava a expansão das matrículas na modalidade.

Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, foram oferecidas 72.524 vagas de especialização à distância em 2004 (último dado disponível).

Como comparação, a PUC-SP tem 15 mil alunos em especialização convencional (presencial). A especialização é mais comum no setor privado. Não há dados oficiais do MEC.

A alteração na área, antecipada à Folha, está presente em uma portaria assinada ontem pelo ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad. A norma deve ser publicada hoje no "Diário Oficial". A obrigatoriedade da estrutura de apoio será mantida para os cursos de graduação.

O secretário de Educação à Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, disse que a alteração atende a pedidos das universidades que oferecem a modalidade. As instituições reclamavam que a exigência inibia a abertura de vagas -um dos motivos é o custo para se manter a estrutura.

Segundo Bielschowsky, a retirada da obrigatoriedade pôde ser feita porque "quem procura uma especialização já tem autonomia suficiente para poder estudar sozinho", ou seja, sem a presença física dos tutores.

Em geral, as escolas utilizam a internet para mostrar o quê o aluno deve estudar e também para tirar dúvidas (tutoria).

"Um aluno de graduação ainda precisa de um acompanhamento mais de perto", afirmou.

O secretário disse ainda que o aluno de pós-graduação tem uma condição financeira que lhe permite dispensar serviços oferecidos nos pólos.

Coordenador de um grupo da USP que pesquisou educação a distância, Carlos Alberto Dantas se mostrou contrário à mudança. "A educação à distância é positiva, mas o contato com o professor é fundamental. Só dessa forma você sente o entusiasmo, o impulso para melhorar. Para funcionar, precisa mesclar os dois formatos."

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Filosofia e sociologia são cobradas em vestibulares no Sul

04/12/2007

da Folha de S.Paulo (Boas Novas!)

Além das disciplinas comuns ao programa do ensino médio, os vestibulares da região Sul costumam pedir também sociologia e filosofia nas provas da segunda fase.
"O departamento de cada curso escolhe duas disciplinas para a segunda fase, que é de conhecimento específico. No caso de direito, por exemplo, os candidatos fazem filosofia e sociologia", afirma Silvano Cesar da Costa, coordenador da COPS (Coordenadoria de Processos Seletivos) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), cuja segunda fase acontece nos próximos dias 9 e 10. Algumas carreiras fazem ainda prova específica de artes.
"O Estado do Paraná já trabalha com filosofia e sociologia no ensino médio há quatro anos, quando avisamos a rede de ensino que iríamos começar a cobrar estas disciplinas a partir do nosso vestibular de 2006/ 2007", afirma Valdo Cavallet, coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
"Ao fazermos essa cobrança, conseguimos selecionar candidatos mais bem preparados", avalia. A novidade para este vestibular é que filosofia será uma das disciplinas exigidas para a carreira de medicina.

Sudeste

"Espera-se que o candidato tenha realmente algum conhecimento de filosofia para fazer a prova", afirma Vera Resende, coordenadora-geral da Copeve (Comissão Permanente do Vestibular) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que realiza a segunda fase entre os dias 7 e 11 de janeiro.
Carolina Alves Chiconi, 20, do ABC Paulista, irá prestar medicina veterinária na UEL e na UFMG, além de instituições paulistas, e, para compensar, afirma ter "corrido atrás". "Fiquei no pé de professores. Li a maioria dos livros. Do restante peguei resumo."

sábado, 1 de dezembro de 2007

EMANNUEL KANT

EMANNUEL KANT

nasceu em 22 de Abril de 1724,na cidade de Koenigsberg,porto da Prússia Oriental.Nesta cidade passou quase toda a sua vida.Oriundo de uma família humilde de origem escocesa,era filho de J.Georg Kant,de profissão correeiro,e de Ana Regina Reuter.Teve três irmãs e um irmão,que foi pastor protestante em Altrahden,e ainda seis irmãs que morreram em tenra idade.Manteve-se celibatário durante toda a vida

" ...não seria exagero dizer que o tema da sua vida foi a luta pela liberdade espiritual ..."

O periodo de tempo em que decorreu a vida de Kant é marcado por grandes mutações políticas, religiosas e sociais.

Filosofia das Luzes, Revolução Francesa e também a ética protestante na sua faceta rigorista e ascética,o pietismo em que foi educado,estão associadas à filosofia de Kant.

Kant vai colocar no centro das suas preocupações o problema da ação: «Quer assegurar,nas melhores condições,o domínio da inteligência sobre os homens e as coisas».

Kant foi um expoente do Iluminismo,acreditava nele,foi o seu grande defensor. Mas se as Luzes tiveram o aspecto positivo de afirmar a liberdade do homem e a autonomia do seu pensar,tiveram também o aspecto negativo de desvalorizar a religião; a sua crença no valor da ciência tende a substituir Deus,a afastá-lo da ação quotidiana do homem. Kant vai lutar vigorosamente contra esta tendência das Luzes.

A Revolução Francesa foi um acontecimento político pelo qual Kant manifestou simpatia,poi vê nela,na continuidade da sua atitude «iluminista», não só a livre auto-determinação de um povo mas também o caracter moral da humanidade que permite esperar o progresso para o melhor. A fase de terror da Revolução Francesa levantou contra ela o resto da Europa e parecia dar razão aos que proclamavam que não se podia dar liberdade ao povo,porque este não estava preparado nem amadurecido para o seu exercício. Kant rebate esta objecção de impreperação e imaturidade argumentando que o amadurecimento para a liberdade se faz no uso e exercício da liberdade. A imaturidade para a liberdade é apenas e somente o argumento de todo e qualquer déspota para justificar a sua dominação.

-o-

A imaturidade não é um produto natural mas simplesmente a triste consequência da ação do déspota. O terror da Revolução Francesa não desautoriza o ideal de liberdade da nova República,pelo contrário,é a prova do efeito depravador do antigo regime.

A sua confiança no progresso da Razão,influência das Luzes,parece inabalável.Há,em Kant,uma crença generosa,----talvez ingénua,----no progresso moral da humanidade,na capacidade do homem se determinar livremente na sua acção. Confia no homem,enquanto pessoa moral,e se alguma reserva podemos hoje opor à filosofia de Kant ela reside na aposta exclusiva que ela faz do indivíduo.Toda a filosofia de Kant é concebida a partir dessa perspectiva estrita, nunca ultrapassando os limites do sujeito individual.

Kant combate «o materialismo,o ateísmo,a incredulidade dos livres pensadores», afirmando que só a Crítica os pode cortar nas suas raízes. A Crítica era a condição indispensável para «abolir o saber a fim de dar lugar à crença»;entenda-se: era preciso abolir o falso saber,fazer a Crítica das exageradas pretensões da razão especulativa para resguardar a fé. Mantém a convicção de que o Cristianismo é uma «Religião completa que pode ser apresentada a todos os homens» e que está destinada a converter-se na religião geral do universo.

Interpreta,contudo,a religião Cristã num sentido predominantemente moral.Considera que Deus,«como autor moral do mundo»,é a raíz da lei moral,os deveres que dominam interiormente o homem são mandamentos de Deus.

Ora esta interpretação essencialmente ética do Cristianismo é de origem Pietista.

Kant situa em planos distintos o que pertence ao conhecimento científico e à crença.A via para Deus não é a da razão teórica,esse foi um erro da metefísica dogmática,mas a do coração,a da moralidade,o que teria sido um ensinamento fundamental do Cristianismo. Parece,portanto,que a intenção de Kant teria sido a de perservar a crença.

A seguir uma síntese do pensamento deste grande filósofo:

A experiência é a origem do conhecimento,mas a sua validade só pode ser assegurada pela razão.
Os elementos do conhecimento são oriundos de duas fontes:
a)Uns dependem do próprio objecto e são a matéria do conhecimento.
b)Outros dependem do sujeito e constituem a forma do conhecimento.
Conhecer consistirá então em unir uma matéria com uma forma;aquela,porque depende do objecto,será variável de objecto para objecto e só pode ser fornecida A POSTERIORI;esta,porque depende do sujeito,é sempre a mesma e é A PRIORI.O espírito impõe as suas formas ao objecto e este tem de se lhes conformar,porque de outro modo não o poderiamos conhecer.
A Razão é a fonte das proposições universais e necessárias,portanto,podemos concluir que a razão produz por si mesma conhecimentos:os que são A PRIORI.
É facto que as proposições da matemática e da física são universais e necessárias,logo A PRIORI,e ninguem dúvida que tais proposições sejam verdadeiro conhecimento.
-O conhecimento científico explica-se por juízos sintéticos A PRIORI.
-Estes juizos são simultaneamente universais,necessários e extensivos.
-Não se podem fundamentar na experiência,porque só a razão pode ser a fonte de proposições universais e necessárias.
-Conhecer consistirá numa síntese entre a forma universal,própria do sujeito,e uma matéria fornecida pela experiência.
O imperativo categórico diz-nos:
-Faz somente aquilo que possa ser universalizado.
-Considera o outro como pessoa porque ele é um fim em si mesmo e não um meio de que te possas servir(isso seria reduzi-lo à condição de objecto).
-A vontade de um ser racional é autónoma.

A vontade humana nunca se liberta totalmente das inclinações sensíveis.

- A vontade é sensível ou empírica enquanto é afectada pelos mobiles da sensibilidade,nesta medida é dependente.

- A vontade é pura enquanto racional,criadora da própria lei moral,nesta medida é independente ou autónoma.

- Se no homem há uma vontade pura,não existe todavia uma vontade santa.

- A santidade da vontade é um modelo ou tipo ideal de que o homem se deve aproximar cada vez mais.

- Vontade:casualidade dos seres racionais.

- Liberdade=autonomia=submissão às leis da razão=moralidade.

- Vontade livre é a que age moralmente.

- Soberano bem = virtude + felicidade.

- Felicidade supõe um acordo entre a ordem da natureza,os desejos do homem e a lei moral.

- O homem não é o autor da natureza,logo,quando obedece à lei moral,não pode estabelecer o acordo entre os seus desejos e a natureza.

- A harmonia destes três elementos é necessária à realização do Soberano Bem.

- Então é preciso admitir uma causa supra-sensível que criou a natureza de tal modo que tornasse possível esse acordo.

- O autor do mundo tem de ser simultaneamente uma inteligência e uma vontade=Deus.

- Deus tem de existir.

- Deus criou o mundo com o objectivo de realizar o Soberano Bem,e não a felicidade dos homens;a felicidade destes depende da sua moralidade.

- A acção humana é a de uma pessoa moral e não a actividade de um sujeito cognoscente.

- O homem,pela razão prática,realiza a sua dimensão de pessoa.

- Ser pessoa implica ser livre nas suas acções,ser autónomo.

- Imortalidade da alma e existência de Deus são postulados como uma exigência ética.

- O primado da razão prática revela que a filosofia Kantiana tem uma preocupação essencialmente ético-religiosa.

- A ética possibilita uma nova metafísica e abre o caminho para a religião.

- Abolido o «saber» pela Crítica obtém-se um «lugar para a crença».

- O fundamental é que o homem se saiba auto-determinar=regular a sua acção de acordo com a lei universal que ele próprio criou,libertando-se do determinismo natural.

- O cerne do filosofar incide assim sobre a auto-determinação do homem.A sua pergunta fundamental é:Que é o homem? Um ser racional finito.

Kant pusera-se três questões:

a)Que podemos conhecer?

b)Que devemos fazer?

c)Que nos é permitido esperar?

Podemos agora responder:

a)Podemos conhecer a ordem dos fenómenos no espaço e no tempo.

b)Devemos fazer o nosso dever.

c)Podemos esperar o Soberano Bem.


Kant foi um homem de hábitos extremamente regulares e estabeleceu para si próprio uma disciplina de vida que pareceu ter cumprido escrupulosamente,raramente infringindo os seus hábitos. O testemunho dos alunos é unânime quanto aos seus dotes de professor;os seus cursos eram seguidos com agrado e os ouvintes ficavam presos à vivacidade e clareza da sua exposição. Viveu sempre modestamente e na fase inicial de sua carreira a um nível próximo da miséria.

KARL R. POPPER «Kant,filho de um artesão,foi enterrado como um rei. No dia do funeral a vida na cidade parou. O caixão foi seguido por milhares de pessoas,enquanto tocavam os sinos de todas as igrejas.Os cronistas dizem que nunca se vira nada assim em Koenigsberg. É difícil de explicar essa espantosa eclosão do sentimento popular... para os seus conterrâneos, Kant tinha-se transformado num símbolo dos ideais da Revolução norte-americana e da Revolução Francesa. Eles vinham portanto demonstrar a sua gratidão ao mestre dos direitos do homem,da igualdade perante a lei,da cidadania mundial,da paz universal e, possívelmente, o mais importante,da emancipação pelo conhecimento... não seria exagero dizer que o tema da sua vida foi a luta pela liberdade espiritual».

JOHANN G. HERDER

«Tive a felicidade de conhecer um filósofo que foi meu professor. Em plena força da idade tinha o bom humor de um adolescente e julgo que o conservou até à idade mais avançada... Abundante de ideias,a palavra brotava dos seus lábios; espírito e humor nunca lhe faltavam;e o seu ensino era um dos assuntos mais interessantes.

Era com a mesma curiosidade de espírito que examinava Leibniz,Wolff,... Hume,que seguia as leis da natureza de Kepler,de Newton e dos físicos,que acolhia os escritos recentemente aparecidos de Rousseau,... como qualquer descoberta da natureza que lhe era dado conhecer. ...este homem, de quem evoco o nome com extrema gratidão e o maior respeito, é EMMANUEL KANT»

sábado, 17 de novembro de 2007

Como ganhar diploma de otário

11/11/2007

Infelizmente não causou escândalo relatório divulgado pelo governo federal que informa que, apesar do gigantesco desemprego, sobram centenas de milhares de vagas para funções qualificadas. Daria, na minha opinião, uma CPI.

O escândalo é o seguinte: gastam-se bilhões de reais, saídos dos cofres públicos, para manter programas de formação profissional de sindicatos patronais e de trabalhadores, sem contar os cursos mantidos pelos governos estaduais e municipais. A sobra de emprego revela que se deveria fazer uma profunda investigação nesses programas.

Enquanto isso se estimulam, com dinheiro público, bolsas para jovens cursarem faculdade, cujos alunos, uma vez formados, ficam longe do mercado. Será que precisamos de mais alunos em direito ou administração? Ou precisamos de técnicos em informática, logística ou exploração mineral?

O que o mercado está dizendo claramente é que o jovem teria mais chance de ganhar um emprego se fizesse um curso técnico ou tecnológico. Fazer um curso superior pode significar, em muitos casos, apenas o diploma de otário.

*

Preparei um material em meu site (www.dimenstein.com.br) sobre tendências e novos cursos profissionais. São Paulo começa a oferecer, dentro das escolas públicas, por exemplo, cursos técnicos à distância.

Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras.
E-mail:
palavradoleitor@uol.com.br

sábado, 10 de novembro de 2007

Olá

Oi pessoal, tudo bem??
Depois de quase 06 meses da construção do BLOG, que consegui ter acesso.
Francisco, vc está de Parabéns!!!
Obrigada pessoal.
Bjs.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Idealismo Lógico: Hegel

Com o idealismo absoluto de Hegel, o idealismo fenomênico kantiano alcança logicamente o seu vértice metafísico. Hegel fica fiel ao historicismo romântico, concebendo a realidade como vir-a-ser, desenvolvimento. Este vir-a-ser, porém, é racionalizado por Hegel, elevado a processo dialético; e este processo dialético não é um movimento a quo adi quod, e sim um processo circular, emanentista.
Jorge Guilherme Frederico Hegel nasceu em Stutgart, em 1770. Estudou teologia e filosofia. Interessou-se pelos problemas religiosos e políticos, simpatizando-se pelo criticismo e pelo iluminismo; em seguida se dedicou ao historicismo romântico. Aproximou-se dos sistemas de Fichte e de Schelling, afastando-se deles em seguida até combatê-los quando professor nas universidades de Jena, Heidelberg e Berlim. Nessa última universidade lecionou até há morte, adquirindo grande renome e exercendo vasta influência. Faleceu em 1831 vítima de cólera. Renunciara, entrementes, aos ideais revolucionários e críticos, para favorecer as tendências absolutistas e intransigentes do estado prussiano.
Em seus últimos anos, torna-se suspeito de panteísmo; alguns o ridicularizaram (apelidando-o de Absolutus von Hegelingen); corre o boato de que ele duvida da imortalidade da alma. Na realidade, Hegel era ao mesmo tempo suficientemente prudente e sufucientemente hermético para que se tornasse muito difícil fazer-lhe acusações precisas dessa ordem! O poeta Heinrich Heine, que seguiu seus cursos de 1821 a 1823, conta, no entanto, que ele, um dia, respondeu bruscamente a um estudante que lhe falava do Paraíso: "O senhor então precisa de uma gorjeta porque cuidou de sua mãe enferma e porque não envenenou ninguém!" Em todo caso, o futuro mostraria amplamente que a filosofia do pensador oficial da monarquia escondia um grande poder explosivo!
Como a filosofia de Spinoza, a de Hegel é uma filosofia da inteligibilidade total, da imanência absoluta. A razão aqui não é apenas, como em Kant, o entendimento humano, o conjunto dos princípios e das regras segundo as quais pensamos o mundo. Ela é igualmente a realidade profunda das coisas, a essência do próprio Ser. Ela é não só um modo de pensar as coisas, mas o próprio modo de ser das coisas: "O racional é real e o real é racional". Podemos, portanto, considerar Hegel como o filósofo idealista por excelência, uma vez que, para ele, o fundo do Ser (longe de ser uma coisa em si inacessível) é, em definitivo, Idéia, Espírito. Sua filosofia representa, ao mesmo tempo, com relação à crítica kantiana do conhecimento, um retorno à ontologia. É o ser em sua totalidade que é significativo e cada acontecimento particular no mundo só tem sentido finalmente em função do Absoluto do qual não é mais do que um aspecto ou um momento.
Hegel porém se distingue de Spinoza e surge para nós como um filósofo essencialmente moderno, pois, para ele, o mundo que manifesta a Idéia não é uma natureza semelhante a si mesma em todos os tempos, que dizia que a leitura dos jornais era "sua prece matinal cotidiana", como todos os seus contemporâneos, muito meditou sobre a Revolução Francesa, e esta lhe mostra que as estruturas sociais, assim como os pensamentos dos homens, podem ser modificadas, subvertidas no decurso da história. O que há de original em seu idealismo é que, para Hegel, a idéia se manifesta como processo histórico: "A história universal nada mais é do que a manifestação da razão".
As principais obras de Hegel são: A Fenomenologia do Espírito; A Lógica; A Enciclopédia das Ciências Filosóficas; A Filosofia do Direito. Foi um gênio poderoso; sua cultura foi vastíssima, bem como a sua capacidade sistemática, tanto assim que se pode considerar o Aristóteles e o Tomás de Aquino do pensamento contemporâneo. No entanto, freqüentemente deforma os fatos para enquadrá-los no esquema lógico do seu sistema racionalista-dialético, bem como altera este por interesses práticos e políticos.
É preciso compreender também que a história é um progresso. O vir-a-ser de muitas peripécias não é senão a história do Espírito universal que se desenvolve e se realiza por etapas sucessivas para atingir, no final, a plena posse, a plena consciência de si mesmo. "O absoluto, diz Hegel, só no final será o que ele é na realidade". O panteísmo de Spinoza identificava Deus com a natureza: Deus sive natura. O panteísmo hegeliano identifica Deus com a História. Deus não é o que é - ao menos só é parcial e muito provisoriamente o que atualmente é - Deus é o que se realizará na História. (Neste sentido, ainda há algo de hegeliano na filosofia de Teilhard de Chardin). Por conseguinte, a história, para Hegel, é uma odisséia do Espírito Universal", em suma, se nos permitem o jogo de palavras, uma "teodisséia". Consideremos a história da terra. De início só existem minerais, depois, vegetais e, em seguida, animais. Não temos a impressão de que seres cada vez mais complexos, cada vez mais organizados, cada vez mais autônomos surgem no Universo? O Espírito, de início adormecido, dissimulado e como que estranho a si mesmo, "alienado" no universo, surge cada vez mais manifestamente como ordem, como liberdade, logo como consciência. Esse progresso do Espírito continua e se concluirá através da história dos homens. Cada povo cada civilização, de certo modo, tem por missão realizar uma etapa desse progresso do Espírito. O Espírito humano é de início uma consciência confusa, um espírito puramente subjetivo, é a sensação imediata. Depois, ele consegue encarnar-se, objetivar-se sob a forma de civilizações, de instituições organizadas. Tal é o espírito objetivo que se realiza naquilo que Hegel chama de "o mundo da cultura". Enfim, o Espírito se descobre mais claramente na consciência artística e na consciência religiosa para finalmente apreender-se na Filosofia (notadamente na filosofia de Hegel, que pretende totalizar sob sua alçada todas as outras filosofias) como Saber Absoluto. Desse modo, a filosofia é o saber de todos os saberes: a sabedoria suprema que, no final, totaliza todas as obras da cultura (é só no crepúsculo, diz Hegel, que o pássaro de Minerva levanta vôo). Compreendemos bem, em todo caso, que, nessa filosofia puramente imanentista, Deus só se realiza na história. Em outras palavras, a forma de civilização que triunfa a cada etapa da história é aquela que, naquele momento, melhor exprime o Espírito. Após ter saudado em Napoleão "o espírito universal a cavalo", Hegel verá no estado prussiano de seu tempo a expressão mais perfeita do Espírito Absoluto. Por conseguinte, Hegel é daqueles que acham que a força não "oprime" o direito (essa fórmula, abusivamente atribuída a Bismarck, nada significa), mas que o exprime, que aquele que é vitorioso na História é, simultaneamente, o mais dotado de valor e que a virtude, como ele diz, "exprime o curso do mundo".
Segundo as normas da lógica clássica, essa identificação da Razão com o Devir histórico é absolutamente paradoxal. De fato, a lógica clássica considera que uma proposição fica demonstrada quando é reduzida, identificada a uma proposição já admitida. A lógica vai do idêntico ao idêntico. A história, ao contrário, é o domínio do mutável. O acontecimento de hoje é diferente do de ontem. Ele o contradiz. Aplicar a razão à história, por conseguinte, seria mostrar que a mudança é aparente, que no fundo tudo permanece idêntico. Aplicar a razão à história seria negar a história, recusar o tempo. Ora, contrariando tudo isso, o racionalismo de Hegel coloca o devir, a história, em primeiro plano. Como isso é possível?
É possível porque Hegel concebe um processo racional original - o processo dialético - no qual a contradição não mais é o que deve ser evitado a qualquer preço, mas, ao contrário, se transforma no próprio motor do pensamento, ao mesmo tempo em que é o motor da história, já que esta última não é senão o Pensamento que se realiza. Repudiando o princípio da contradição de Aristóteles e de Leibnitz, em virtude do qual uma coisa não pode ser e, ao mesmo tempo, não ser, Hegel põe a contradição no próprio núcleo do pensamento e das coisas simultaneamente. O pensamento não é mais estático, ele procede por meio de contradições superadas, da tese à antítese e, daí, à sintese, como num diálogo em que a verdade surge a partir da discussão e das contradições. Uma proposição (tese) não pode se pôr sem se opor a outra (antítese) em que a primeira é negada, transformada em outra que não ela mesma ("alienada"). A primeira proposição encontrar-se-á finalmente transformada e enriquecida numa nova fórmula que era, entre as duas precedentes, uma ligação, uma "mediação" (síntese).
A Dialética
A dialética para Hegel é o procedimento superior do pensamento é, ao mesmo tempo, repetimo-la, "a marcha e o ritmo das próprias coisas". Vejamos, por exemplo, como o conceito fundamental de ser se enriquece dialeticamente. Como é que o ser, essa noção simultaneamente a mais abstrata e a mais real, a mais vazia e a mais compreensiva (essa noção em que o velho Parmênides se fechava: o ser é, nada mais podemos dizer), transforma-se em outra coisa? É em virtude da contradição que esse conceito envolve. O conceito de ser é o mais geral, mas também o mais pobre. Ser, sem qualquer qualidade ou determinação - é, em última análise, não ser absolutamente nada, é não ser! O ser, puro e simples, equivale ao não-ser (eis a antítese). É fácil ver que essa contradição se resolve no vir-a-ser (posto que vir-a-ser é não mais ser o que se era). Os dois contrários que engendram o devir (síntese), aí se reencontram fundidos, reconciliados.
Vejamos um exemplo muito célebre da dialética hegeliana que será um dos pontos de partida da reflexão de Karl Marx. Trata-se de um episódio dialético tirado da Fenomenologia do Espírito, o do senhor e o escravo. Dois homens lutam entre si. Um deles é pleno de coragem. Aceita arriscar sua vida no combate, mostrando assim que é um homem livre, superior à sua vida. O outro, que não ousa arriscar a vida, é vencido. O vencedor não mata o prisioneiro, ao contrário, conserva-o cuidadosamente como testemunha e espelho de sua vitória. Tal é o escravo, o "servus", aquele que, ao pé da letra, foi conservado.
a) O senhor obriga o escravo, ao passo que ele próprio goza os prazeres da vida. O senhor não cultiva seu jardim, não faz cozer seus alimentos, não acende seu fogo: ele tem o escravo para isso. O senhor não conhece mais os rigores do mundo material, uma vez que interpôs um escravo entre ele e o mundo. O senhor, porque lê o reconhecimento de sua superioridade no olhar submisso de seu escravo, é livre, ao passo que este último se vê despojado dos frutos de seu trabalho, numa situação de submissão absoluta.
b) Entretanto, essa situação vai se transformar dialeticamente porque a posição do senhor abriga uma contradição interna: o senhor só o é em função da existência do escravo, que condiciona a sua. O senhor só o é porque é reconhecido como tal pela consciência do escravo e também porque vive do trabalho desse escravo. Nesse sentido, ele é uma espécie de escravo de seu escravo.
c) De fato, o escravo, que era mais ainda o escravo da vida do que o escravo de seu senhor (foi por medo de morrer que se submeteu), vai encontrar uma nova forma de liberdade. Colocado numa situação infeliz em que só conhece provações, aprende a se afastar de todos os eventos exteriores, a libertar-se de tudo o que o oprime, desenvolvendo uma consciência pessoal. Mas, sobretudo, o escravo incessantemente ocupado com o trabalho, aprende a vencer a natureza ao utilizar as leis da matéria e recupera uma certa forma de liberdade (o domínio da natureza) por intermédio de seu trabalho. Por uma conversão dialética exemplar, o trabalho servil devolve-lhe a liberdade. Desse modo, o escravo, transformado pelas provações e pelo próprio trabalho, ensina a seu senhor a verdadeira liberdade que é o domínio de si mesmo. Assim, a liberdade estóica se apresenta a Hegel como a reconciliação entre o domínio e a servidão.
Hegel parte, fundamentalmente, da síntese a priori de Kant, em que o espírito é constituído substancialmente como sendo o construtor da realidade e toda a sua atividade é reduzida ao âmbito da experiência, porquanto é da íntima natureza da síntese a priori não poder, de modo nenhum, transcender a experiência, de sorte que Hegel se achava fatalmente impelido a um monismo imanentista, que devia necessariamente tornar-se panlogista, dialético. Assim, deviam se achar na realidade única da experiência as características divinas do antigo Deus transcendente, destruído por Kant. Hegel devia, portanto, chegar ao panteísmo imanentista, que Schopenhauer, o grande crítico do idealismo racionalista e otimista, declarará nada mais ser que ateísmo imanentista.
No entanto, para poder elevar a realidade da experiência à ordem da realidade absoluta, divina, Hegel se achava obrigado a mostrar a racionalidade absoluta da realidade da experiência, a qual, sendo o mundo da experiência limitado e deficiente, por causa do assim chamado mal metafísico, físico e moral, não podia, por certo, ser concebida mediante o ser (da filosofia aristotélica), idêntico a si mesmo e excluindo o seu oposto, e onde a limitação, a negação, o mal, não podem, de modo nenhum, gerar naturalmente valores positivos de bem verdadeiro. Mas essa racionalidade absoluta da realidade da experiência devia ser concebida mediante o vir-a-ser absoluto (de Heráclito), onde um elemento gera o seu oposto, e a negação e o mal são condições de positividade e de bem.
Apresentava-se, portanto, a necessidade da invenção de uma nova lógica, para poder racionalizar o elemento potencial e negativo da experiência, isto é, tudo que há no mundo de arracional e de irracional. E por isso Hegel inventou a dialética dos opostos, cuja característica fundamental é a negação, em que a positividade se realiza através da negatividade, do ritmo famoso de tese, antítese e síntese. Essa dialética dos opostos resolve e compõe em si mesma o elemento positivo da tese e da antítese. Isto é, todo elemento da realidade, estabelecendo-se a si mesmo absolutamente (tese) e não esgotando o Absoluto de que é um momento, demanda o seu oposto (antítese), que nega e o qual integra, em uma realidade mais rica (síntese), para daqui começar de novo o processo dialético. A nova lógica hegeliana difere da antiga, não somente pela negação do princípio de identidade e de contradição - como eram concebidos na lógica antiga - mas também porquanto a nova lógica é considerada como sendo a própria lei do ser. Quer dizer, coincide com a ontologia, em que o próprio objeto já não é mais o ser, mas o devir absoluto.
Dispensa-se acrescentar como, a experiência sendo a realidade absoluta, e sendo também vir-a-ser, a história em geral se valoriza na filosofia; igualmente não é preciso salientar como o conceito concreto, isto é, o particular conexo historicamente com o todo, toma o lugar do conceito abstrato, que representa o elemento universal e comum dos particulares. Estamos, logo, perante um panlogismo, não estático, como o de Spinoza, e sim dinâmico, em que - através do idealismo absoluto - o monismo, que Hegel considerava panteísmo, é levado às suas extremas conseqüências metafísicas imanentistas.
Podemos resumir assim:
1.° - A lógica tradicional afirma que o ser é idêntico a si mesmo e exclui o seu oposto (princípio de identidade e de contradição); ao passo que a lógica hegeliana sustenta que a realidade é essencialmente mudança, devir, passagem de um elemento ao seu oposto;
2.° - A lógica tradicional afirma que o conceito é universal abstrato, enquanto apreende o ser imutável, realmente, ainda que não totalmente; ao passo que a lógica hegeliana sustenta que o conceito é universal concreto, isto é, conexão histórica do particular com a totalidade do real, onde tudo é essencialmente conexo com tudo;
3.° - A lógica tradicional distingue substancialmente a filosofia, cujo objeto é o universal e o imutável, da história, cujo objeto é o particular e o mutável; ao passo que a lógica hegeliana assimila a filosofia com a história, enquanto o ser é vir-a-ser;
4.° - A lógica tradicional distingue-se da ontologia, enquanto o nosso pensamento, se apreende o ser, não o esgota totalmente - como faz o pensamento de Deus; ao passo que a lógica hegeliana coincide com a ontologia, porquanto a realidade é o desenvolvimento dialético do próprio "logos" divino, que no espírito humano adquire plena consciência de si mesmo.
Visto que a realidade é o vir-a-ser dialético da Idéia, a autoconsciência racional de Deus, Hegel julgou dever deduzir a priori o desenvolvimento lógico da idéia, e demonstrar a necessidade racional da história natural e humana, segundo a conhecida tríade de tese, antítese e síntese, não só nos aspectos gerais, nos momentos essenciais, mas em toda particularidade da história. E, com efeito, a realidade deveria transformar-se rigorosamente na racionalidade em um sistema coerente de pensamento idealista e imanentista.
Não é mister dizer que essa história dialética nada mais é que a história empírica, arbitrariamente potenciada segundo a não menos arbitrária lógica hegeliana, em uma possível assimilação do devir empírico do desenvolvimento lógico - ainda que entendido dialeticamente, dinamicamente. Tal história dialética deveria, enfim, terminar com o advento da filosofia hegeliana, em que a Idéia teria acabado a sua odisséia, adquirindo consciência de si mesma, isto é, da sua divindade, no espírito humano, como absoluto. Mas, desse modo, viria a ser negada a própria essência da filosofia hegeliana, para a qual o ser, isto é, o pensamento, nada mais é que o infinito vir-a-ser dialético.

material extraído do site: mundo dos filósofos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O renascimento de Deus

08/11/2007

O renascimento de Deus

Sob o sugestivo título de "As Novas Guerras de Religião", a revista britânica "The Economist" dedicou o número da semana passada aos crescentes enfrentamentos inter-religiosos. São várias reportagens recheadas de números e informações. É leitura obrigatória para os que se interessam pelo fenômeno. Como não dá para abordar tudo, vou me restringir na coluna de hoje à questão do "revival" religioso.

Aqui é necessário começar com uma espécie de "erramos". Não, ainda não me converti. O "erramos" não diz respeito a meu ateísmo, mas ao fato de que boa parte da elite branca ocidental julgou ao longo dos últimos 150, 200 anos que a morte de Deus e o advento do secularismo eram favas contadas. Estávamos redondamente enganados.

De fins do século 18, com o Iluminismo, até bem recentemente, parecia de fato crível que o mundo caminhava para tornar-se menos religioso. Afinal, Darwin, Marx, Freud e Einstein provaram duas ou três coisinhas bastante interessantes. Mostraram que o homem, um bicho como qualquer outro, não comanda a história nem mesmo a psique humana. Pior, o próprio Universo funciona sem Deus, que pôde enfim ser reduzido a uma simples metáfora. Só que daí a concluir que a humanidade estava pronta para a emancipação foi um passo maior que a perna.

Tudo parecia seguir o "script". Grupos religiosos mais proeminentes se retraíam. Nos EUA, evangélicos caíram numa espécie de ostracismo após o fiasco da Lei Seca (1920-33) e do julgamento de Johns Scopes (1925), no qual as idéias criacionistas foram humilhadas e judicialmente rechaçadas. Na Europa, as coisas pareciam seguir o mesmo rumo. Ideologias fascistas e comunistas rapidamente tomaram o lugar das religiões tradicionais. Mesmo no Terceiro Mundo, igrejas pareciam ceder terreno a líderes secularistas como Kemal Ataturk (Turquia, anos 20), Jawaharlal Nehru (Índia, anos 50). Também o islamismo dava indícios de que sucumbiria diante do pan-arabismo de Gemal Abdel Nasser nos anos 60. Ao que consta, até o Estado judeu não era tão judeu assim. A "Economist" sugere que David Ben Gurion, o fundador de Israel, um secularista convicto, só concordou que a lei rabínica fosse adotada para regular casamentos e divórcios no país porque estava certo de que os ortodoxos estavam com seus dias contados.

Em 1966, a bem-comportada revista "Time" estampou em sua capa a pergunta "Deus está morto?". Em 1999, a própria "Economist" publicou em sua edição do milênio o obituário de Deus. Foi precipitada. A ex-secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright recorda-se de uma ocasião em 1990 em que um diplomata que negociava a paz na Irlanda do Norte se queixou: "Quem vai acreditar que, no fim do século 20, ainda estamos lidando com um conflito religioso?".

Também nos anos 90, nós da imprensa relatamos o conflito na antiga Iugoslávia como uma disputa étnica entre sérvios, croatas e bósnios. Não está errado, mas também é possível descrevê-lo como uma guerra entre cristãos ortodoxos, católicos e muçulmanos. Tudo depende de querermos enfatizar os componentes políticos ou os religiosos da contenda.

Mas veio o 11 de Setembro e a idéia de um futuro secular ruiu. Olhando retrospectivamente, é fácil encontrar sinais de que as coisas não caminhavam exatamente como nós pensávamos. Para sermos rigorosos, era o avanço do laicismo especialmente na Europa (e nas comunidades acadêmicas do Ocidente em geral) que se afigurava como uma exceção à regra religiosa _uma coisa de elite. Nos EUA, a freqüência da população a cultos não chegou nem mesmo a experimentar uma queda importante. No Terceiro Mundo, apesar das iniciativas de um ou outro líder nacionalista, a religião jamais esteve seriamente ameaçada. Às vezes nos esquecemos da força da demografia. A China, apesar de no papel comunista e atéia, será muito em breve a maior nação cristã do planeta. E a maior muçulmana também, sem mencionar, é claro, que sempre reuniu o maior número de adeptos do confucionismo, taoísmo etc. Só não será a maior nação hinduísta, e isso porque a Índia é uma outra potência populacional.

O que mudou então, que nos fez passar da previsão de um futuro sem religião para as novas guerras de religião? Certamente não foi apenas a nossa percepção após o 11 de Setembro.

A tese da "Economist" que eu acompanho é a de que são as variedades mais virulentas de religião que estão prosperando e ganhando adeptos. O catolicismo, por exemplo, perde fiéis para grupos pentecostais que praticam o exorcismo e fazem com que o praticante receba ordens diretas de Deus, entre outras manifestações psiquiátricas. Também vão muito bem no mercado da fé os fundamentalistas muçulmanos que atiram aviões em edifícios ou que se explodem diante de creches no Iraque. Para o bom e verdadeiro muçulmano sunita da escola wahabita, afinal, uma criança muçulmana xiita está em imperdoável erro teológico e não pode ser salva. Melhor que morra de uma vez abrindo as portas do paraíso a seu executor. O problema é o islamismo que é violento? Talvez o Alcorão instile mais pensamentos mórbidos em seus seguidores do que outras fés, mas o fato é que qualquer religião ou sistema de crenças dogmáticas (aí incluo marxismo, fascismo nazismo etc.) pode levar a sandices semelhantes. Afinal, foram os adoráveis Tigres Tâmeis, que praticam o pacífico hinduísmo, que inventaram a tecnologia dos homens-bomba, rapidamente exportada para outras partes do mundo.

Parece estar operando aqui algum mecanismo de "feedback positivo". Uma série de reações e contra-reações entre grupos que interagem deflagrou uma espécie de corrida armamentista. Israel, por exemplo, para combater a OLP de Iasser Arafat, estimulou jovens palestinos a freqüentarem as mesquitas. Estava ajudando a criar o Hamas. De modo análogo, a resposta dos EUA ao 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque, está levando a uma maior radicalização dos núcleos fundamentalistas islâmicos, que ganharam ainda campos de treinamento onde aperfeiçoam suas técnicas assassinas. O terror islâmico também tornou mais hostis e violentas as milícias hinduístas na Caxemira. No Paquistão, o general Pervez Musharraf acaba de dar um golpe de Estado, com o apoio dos EUA, para não ser derrubado por grupos muçulmanos que o recriminam justamente por receber apoio dos EUA. É difícil dizer onde termina esse tipo de movimento.

A receita para combatê-lo, entretanto, é conhecida e permanece a mesma desde o século 18: Estado laico e democracia. Praticar uma religião é perfeitamente legítimo. Trata-se, afinal, de atividade que pode proporcionar prazer a seus adeptos e oferecer-lhes oportunidade de reforçar vínculos sociais. É como pertencer a um círculo literário, fazer esporte ou freqüentar sites pornográficos --cada um sabe o que é melhor para si. Embora sempre vá existir uma certa tensão entre crenças religiosas distintas, as diferenças podem ser mantidas em níveis civilizados, desde que todos os grupos renunciem a impor sua verdade aos demais.

É claro que não o tão é fácil, pois o eleitor religioso tende a levar suas convicções espirituais para a urna o que, dependendo do perfil demográfico do país, pode fazer com que uma maioria religiosa se aproprie do Estado quebrando a frágil trégua. Daí a importância de inscrever o laicismo como uma garantia fundamental, ao lado dos direitos universais do homem.

Embora difícil, a tarefa não é impossível, dado que todas as religiões são minoritárias em alguma parte do globo.

Quanto ao ser humano, num ponto ele de fato difere dos outros animais. Insiste em prestar reverência a uma hipótese implausível, que se provou desnecessária e, nos dias de hoje, tem-se mostrado mais destrutiva do que agregadora.

PS - Na semana que vem não poderei escrever a coluna. Retomo-a no dia 22.


Hélio Schwartsman, 42, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Estudo localiza áreas cerebrais ligadas ao otimismo

24/10/2007 - 22h07

Da Reuters

O novo estudo de um grupo de cientistas da Universidade de Nova York (Estados Unidos) apontou duas áreas no cérebro ligadas a pensamentos otimistas. O trabalho, que sondou regiões neurais ativas durante pensamentos positivos, pode ajudar a entender melhor a tendência oposta --a depressão-- afirmam os pesquisadores.

Os cientistas usaram técnicas avançadas de geração de imagens cerebrais para acompanhar a atividade mental de 15 adultos jovens --sete homens e oito mulheres-- enquanto esses voluntários respondiam a perguntas sobre cenários futuros.

As hipóteses apresentadas incluíam ganhar um monte de dinheiro, receber um prêmio, ir a uma festa de aniversário (ou a um jogo no estádio ou ao zoológico), ter uma mentira contada, terminar um relacionamento amoroso, ir a um funeral e outros.

Quando as perspectivas cheias de otimismo eram imaginadas, duas regiões cerebrais --o córtex cingulado anterior rostral e a amígdala-- se mostravam ativas nas imagens.

Semelhança

"O que é interessante é que essas duas regiões que nós vimos envolvidas na projeção de futuros otimistas também são regiões que vemos afetadas em casos de depressão", afirmou Elizabeth Phelps, uma das pesquisadoras envolvidas na pesquisa.

Ainda não está claro o que acontece de errado com essas áreas que possa contribuir para a depressão. "Mas nossos dados podem sugerir que uma das coisas que elas estão fazendo é tornar difícil pensar sobre as coisas de modo otimista. Está claro que um dos primeiros sintomas de depressão é o pessimismo", diz Phelps.

Segundo ela, a descoberta pode ajudar a pesquisa de tratamentos para a enfermidade.

O estudo do grupo da Universidade de Nova York foi publicado na revista "Nature."

Viés otimista

Córtex cingulado anterior rostral é a parte do córtex frontal (perto da testa) que pode estar envolvida em regular reações emocionais.

A amígdala é uma estrutura em forma de amêndoa no lobo temporal (perto da têmpora) medial, uma estrutura envolvida em emoções.

Entender o otimismo saudável é importante porque o otimismo é relacionado à saúde física e mental e ao sucesso.

"Nós podemos ter pessoas que não são necessariamente deprimidas mas têm níveis diferentes de otimismo", afirmou Tali Sharot, pesquisadora do University College de Londres que colaborou como o estudo de Nova York.

Expectativa

Phelps afirma que a pesquisa não está dizendo que essas são as únicas regiões do cérebro envolvidas em otimismo. Os cientistas dizem ter examinado como o cérebro gera o que eles chamam de "viés otimista".

"Humanos esperam eventos positivos no futuro mesmo quando não há evidência para apoiar essas expectativas", escreveram os cientistas na "Nature".

"Por exemplo, pessoas esperavam viver mais e melhor do que a média, subestimavam o risco de ter de enfrentar um divórcio e subestimavam suas perspectivas de sucesso no mercado."

Phelps diz que os pesquisadores tiveram dificuldade para conseguir que os voluntários pensassem em eventos puramente neutros no futuro. "Eles tendiam a torná-los positivos", disse. "Nós meio que topamos com esse viés otimista do qual os psicólogos já haviam nos falado."


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Qual é a maior estupidez brasileira?

Começa nesta semana um programa gerido por médicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para diminuir o espantoso número de estudantes que, por causa de doenças simples de serem tratadas, têm dificuldades nas escolas. O programa é patrocinado pela prefeitura de São Paulo, previsto para atingir todos os alunos da rede municipal.
Faz dois meses que os médicos da Unifesp (antiga Escola Paulista de Medicina) desenvolvem um piloto numa escola e encontraram uma galeria de horrores. É como se crianças estivessem apodrecendo por falta de tratamento médico. Algumas doenças são de fácil resolução como baixa acuidade visual e de audição. A taxa de sobrepeso é de 30%; 60% têm cáries.
O que os médicos estão constatando ocorre em todas as escolas brasileiras --e ocorre porque não se consegue um melhor entrosamento entre as áreas de educação e saúde. Estamos falando aqui de um problema que, segundo as estatísticas, atinge 40% dos alunos da rede pública. Ou seja, algo como 25 milhões de estudantes. Sei de meninos tratados como surdos, mas que não limpavam o ouvido. E de outros considerados retardados pelos professores, mas que tinham distúrbios psicológicos provocados pela violência doméstica. Há disléxicos considerados burros. Ou anêmicos chamados de preguiçosos.
Não é fácil eleger a maior imbecilidade brasileira, tamanha a oferta de candidaturas. Pelo impacto social, meu voto vai pela falta ou precariedade de programas de saúde escolar. Só um estúpido completo é capaz de imaginar que vamos melhorar nossos indicadores educacionais com crianças que não ouvem e não enxergam direito.
PS- Se Gilberto Kassab conseguir tocar esse projeto, terá realizado sua maior contribuição à cidade de São Paulo. Muito maior do que a Cidade Limpa que, apesar de seus méritos, é uma obra de fachada. Não existe pior poluição do que a falta de saúde e a falta de educação. Se bem sucedido (o que, em se tratando de poder público, é sempre uma dúvida), a Unifesp poderá disseminar esse modelo em todas as grandes cidades, onde, em geral, a saúde escolar é, quando existe, pífia.

Gilberto Dimenstein - folha on-line.

domingo, 30 de setembro de 2007

Receita infalível para virar incompetente

Uma das melhores notícias para a educação brasileira é a crescente sofisticação dos exames para entrar nas faculdades, exigindo mais reflexão e menos decoreba. Deve-se comemorar a mudança porque, afinal, os ensinos médio e até fundamental passam a estimular cada vez mais um currículo centrado na visão crítica do aluno e em sua capacidade de associar idéias e informações, conectadas a questões concretas.

A USP acaba de divulgar sua intenção de fazer vestibulares seriados; ou seja, o estudante vai enfrentar três provas, uma ao fim de cada ano do ensino médio. Mais uma vez, se cobrará reflexão, o que exige formação geral. É o fim da mediocridade dos cursinhos e dos professores que ensinam matérias sem nenhuma ligação com outras matérias e, muito menos, com o cotidiano.

O que está em jogo não é fazer bons alunos, mas bons profissionais, capazes de sobreviver num mundo de inovações cada vez mais velozes e no qual se demanda a habilidade da auto-aprendizagem. O problema é que, muitas vezes, os professores estão longe, muito longe, do mercado do trabalho, e ficam ensinando coisas inúteis; seu poder deriva não da relevância do que ensinam, mas da nota e do vestibular.

Os novos vestibulares estão desmontando esse poder. O papel do professor deve ser o de gerenciador de curiosidades. Até porque todo o conhecimento disponível já está na internet.

Empanturrar a criança e o jovem com informações sem contextualização e, pior, sem que os alunos sejam protagonistas, é uma fórmula infalível para produzir, no presente, um ser humano infeliz diante dos prazeres da descoberta intelectual e, no futuro, um trabalhador incompetente. Ou um desempregado.

Gilberto Dimenstein - folha online.

BRASIL TEM MENOR GASTO EM EDUCAÇÃO DE 34 PAÍZES

O Brasil é o que menos gasta com educação dos 34 países analisados por um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado nesta terça-feira.

O Brasil é o que apresenta o menor investimento por estudante (desde o primário até a universidade), gastando em média US$ 1.303 por ano (cerca de R$ 2.488).

Os 30 países da OCDE gastam, em média, US$ 7.527 (R$ 14.376), e no país que mais gasta em educação, Luxemburgo, este valor chega a US$ 13.458 (R$ 25.705). No Chile, o único outro país sul-americano incluído no estudo, o gasto total é de US$ 2.864 (R$ 5.470).

Universidades

O Brasil também é o país que apresenta o maior nível de diferença entre os gastos por estudante no ensino fundamental e secundário, em comparação com os estudantes universitários.

Enquanto o País gasta US$ 1.159 (R$ 2.213) em estudantes primários (à frente apenas da Turquia, que gasta US$ 1.120, o equivalente a R$ 2.139) e US$ 1.033 (R$ 1.973) em estudantes do ginásio e segundo grau (o mais baixo), os gastos com estudantes universitários chegam a US$ 9.019 (R$ 17.226) por estudante, ao ano.

Em média, os países da OCDE gastam apenas duas vezes mais na educação de estudantes universitários do que estudantes do primeiro e segundo grau. O gasto com os universitários no Brasil se compara ao de países como a Espanha e a Irlanda, e fica à frente da Itália, Nova Zelândia, México e Portugal, entre outros.

PIB

O total do PIB investido em educação chega a 3,9% no País, segundo o relatório da OCDE, ficando à frente apenas da Rússia (3,6%) e da Grécia (3,4%). De acordo com a OCDE, a porcentagem do PIB gasta em educação demonstra a prioridade que este país dá à educação em relação a outros gastos de seu orçamento.

Nos Estados Unidos, os gastos com educação correspondem a 7,4% do PIB, a maior proporção, e na Dinamarca e Luxemburgo, ele corresponde a 7,2%. Segundo o documento, todos os países analisados aumentaram o investimento em educação com o aumento dos gastos chegando a mais de 40% em comparação a 1995.

Mas os resultados deste investimento ainda não atingiram seu potencial total e, segundo analistas ouvidos pelo estudo, ainda pode crescer 22%. O relatório também conclui que quanto mais difundida a educação universitária em um país, mais próspera a economia e melhor o mercado de trabalho para os recém-formados.

O documento mostra ainda que as perspectivas de emprego para os profissionais menos qualificados não parecem ser prejudicadas pelo aumento do número de universitários e podem até melhorar.

Em todos os países avaliados, os profissionais com curso universitário ganham mais e encontram emprego mais facilmente do que os que não chegam à universidade.

BBC Brasil

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Práticas de Ensino: a importância do ensino de Filosofia na Escola.

Ensinar Filosofia no atual contexto do ensino brasileiro, constitui-se numa tarefa com um certo grau de pioneirismo, haja vista que após longo período longe da grade curricular da educação no país, a disciplina retorna hoje num cenário desprovido de parâmetros totalmente definidos e dependendo da criatividade e da persistência da classe educadora.
A Filosofia tem nesse contexto, o objetivo de desenvolver o pensamento crítico do cidadão, situá-lo dentro da sociedade e proporcionar-lhe uma nova visão de vida, além de desenvolver sua capacidade de argumentação e formação de conceitos, para isso o professor precisa adquirir habilidades e competências específicas necessárias para o bom desempenho de sua missão.
O desenvolvimento do ensino de Filosofia no Ensino Médio, tem o propósito de despertar no aluno o interêsse de se criar o hábito de pensar filosóficamente, reaprender a forma de ver o mundo, levantar as questões fundamentais que o cercam e estimulá-lo a sair do senso comum para se ter uma visão mais profunda sobre tudo, para isso acontecer será necessário orientá-lo através da "Sensibilização", passando pela "Problematização", a seguir pela "Investigação" e enfim pela "Conceituação", resultando na experiência fundamental do pensamento e permitindo assim a equação de um determinado problema. Levantar um problema existente, deve ser uma preocupação constante do professor, no sentido de despertar a consciência do aluno quanto às questões que afetam sua vida de uma forma ou de outra, sem a preocupação de responder tais questões mas sim de encaminhá-lo no sentido de dissolvê-las e encontrar um sentido para isso, dessa maneira estaremos formando pessoas capazes de refletir sobre tudo e tomar decisões mais seguras e construtivas.
Nesse processo, proporcionar-se-á a detecção dos pressupostos de uma boa argumentação, oferecer-se-á a oportunidade de reconstruir os argumentos apresentados nos textos estudados, permitirá confrontar teses filosóficas e estimulará a construção de juízos de valores, inserindo o indivíduo de forma mais legítima dentro da sociedade.
Certamente a missão que nos aguarda nessa "aventura" dentro dos limites do ensino da Filosofia, exigirá um esforço criativo do professor quanto a sua capacidade de improvisação e de adequação aos recursos encontrados, do perfil de cada turma, da realidade de cada comunidade, e isto fará com que seja improvável sonhar com uma aula pré concebida, pois as circunstâncias conduzirão cada tema por caminhos pertinentes a esses fatores, o importante é se ter em mente que se buscará formar um discurso que permita julgar, criticar e manifestar o pensamento do aluno a respeito de sua cidadania.
Seguramente há uma longa jornada pela frente do sistema de ensino brasileiro quanto a reintrodução dessa disciplina na grade currícular, porém não se deve perder de vista a importância dessa implementação como fator de mudança da realidade do país, do desenvolvimento da sociedade e da construção de um projeto de vida mais racional e justo para todos os brasileiros, passo fundamental para se promover o progresso, a cultura e resgatar a dignidade de todos os cidadãos.
(Equipe PhilosoFAI)

sábado, 8 de setembro de 2007

Thomaz Edson

Um exemplo de Otimismo foi demonstrado por thomas Edison, o gênio inventor e um inveterado Otimista, pela forma como reagiu a um aparente grande infortúnio.

Numa noite de 1914,seu laboratório, que valia mais de US$ 2 milhões na época e não estava no seguro, começou a se incendiar, com todos os preciosos registros de Edison em seu interior.

No auge do incêndio, enquanto os bombeiros tentavam apagar o fogo, charles, filho de Edison, freneticamente procurava o Pai, que tinha o hábito de trabalhar até tarde da noite. Aliviado, ele encontrou Edison fora do laboratório, fitando serenamente a cena.

O Semblante de seu pai refletia o brilho das chamas e seus cabelos grisalhos esvoaçavam ao sabor da leve brisa. Charles sentiu um aperto no coração vendo o pai, com 67 anos, testemunhar o trabalho de toda uma vida ser consumido pelas cinzas.

Após horas de silêncio. Edison disse a seu filho: "Existe um grande valor num desastre como este. Todos os nossos erros são queimados.

Graças a Deus e podemos começar tudo de novo". E Edison, de fato, começou de novo. Até o incêndio ele tinha passado três anos tentando inventar o toca discos. Três semanas após o desastre ele conseguiu.

(Autor desconhecido)

É preciso encontrar vantagens na adversidade, só assim podemos nos superar.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Leibniz

Leibniz
(1646 - 1716)

Filósofo, matemático, historiador, jurista, filólogo, teólogo Gottfried Wilhelm Leibniz, é um espírito verdadeiramente universal. Era natural da Saxónia, Alemanha. Filho de um professor de Filosofia Moral na Universidade de Leipzig. Estudou matemática em Iena e na Universidade de Altdorf jurisprudência. Ao 21 anos recusa uma cátedra na universidade, envolve-se numa organização semi-secreta (os Rosacruz), entra ao serviço do eleitor da Magúncia. Enviado a Paris numa missão diplomática, procurou influenciar Luis XIV par abandonar o projecto de combater a Holanda. Nesta cidade corresponde-se com figuras cimeiras da intelectualidade do tempo, como Galileu, Descartes e Hobbes. Viajou até Inglaterra onde discutiu com matemáticos do circulo de Isaac Newton. Em 1675 regressou à Alemanha, tornando-se bibliotecário do duque de Hannover. Contando com o apoio e a protecção da princesa de Hanover funda a Academia de Ciências da Prússia. Faleceu em Hannover.
A obra de Leibniz é muito diversificada, sendo-lhe atribuída a autoria de notáveis descobertas. Na matemática, por exemplo, junto com Newton, foi um dos inventores do cálculo infinitesimal. Inventou também uma máquina de calcular. Na física criou o conceito de energia cinética.
A filosofia de Leibniz estabelece uma ponte entre a filosofia renascentista e a iluminista, lançando as bases para os grandes sistemas da filosofia contemporânea.
A monadalogia ( do grego monas = unidade) exprime a concepção original de Leibniz sobre a natureza das coisas. "O universo é considerado uma ordenação de mónadas, isto é, de centros espirituais dinâmicos, em que se compenetram, misteriosamente, individualidade e substancialidade. Cada nómada é um espelho do mundo e, simultaneamente, uma criação original indestrutível, dotada de tendências ou mesmo de ação. O seu lugar na ordem hierárquica determina-se pelo grau de clareza e distinção com que consegue representar o universo" (F.Heinnemann). Deus é a mónada original, criador da infinidade das mónadas que compõem o mundo.
O conceito central da filosofia de Leibniz é a Harmonia Universal identificada com Deus. Vivemos, segundo Leibniz, no melhor dos mundos possíveis. Criado por Deus este só poderia ter escolhido o melhor entre todos os possíveis. O mal é uma carência ocasional e acidental e não existe por si próprio. Todos os seres aspiram à realização plena das suas potencialidades.
Em termos políticos, preconiza uma vasta comunidade internacional, que possa garantir a paz e a difusão do cristianismo.Nesse sentido procurou demonstrar a unidade fundamental de todas as línguas, assim como desenvolver uma linguagem universal, baseada num sistema binário que é usado nos nossos dias na informática. Foi um precursor da lógica simbólica contemporânea.
No direito defendeu uma concepção de direito natural fundamentada no próprio Deus.

Obras
Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano (1704), Ensaios de Teodiceia (1710),Novo Sistema da Natureza e da Comunicação das Substâncias, A Monadologia (1714), Princípios da Natureza e da Graça, Discurso da Metafísica, Meditações sobre o Conhecimento, A Verdade e as Ideias, Da Reforma da Filosofia Primeira, Da Origem Radical das Coisas.

origem: http://afilosofia.no.sapo.pt

Bento Spinosa

Bento Spinosa
(1632-1677)

Filosofo holandês. Filho de um mercador judeu português exilado em Amesterdão. Ainda muito jovem aprende hebraico e as línguas clássicas.Devido às suas ideias foi excomungado da Sinagoga, facto que lhe permitiu uma maior aproximação às ideias de pensadores cristãos como Descartes. Em 1656 é vítima de uma tentativa de assassinato. Para fugir às perseguições que era vítima foge para Leyden, depois para Rynsverg e finalmente para Haya, onde vive até à sua morte.

Filosofia
A sua filosofia funda-se numa concepção panteísta da realidade, na qual se identifica Deus com a Natureza. Para Espinosa só existe uma única substância ilimitada que se manifesta numa infinidade de forma e com infinitos atributos. Nega a imortalidade da alma e a natureza pessoal de Deus. Rejeitou o Livre-arbítrio, afirmando que a autodeterminação, isto é, agir em função da natureza de cada um, é a única liberdade possível. Esta concepção panteísta está bem patente nas suas concepções metafísicas, éticas e políticas.

origem: http://afilosofia.no.sapo.pt

SER FELIZ!

SER FELIZ!

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode evitar que ela vá à falência.
Lembre-se sempre de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. É beijar os filhos, curtir os pais e ter momentos poéticos com os amigos, mesmo que eles nos magoem.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar "eu errei". É ter ousadia para dizer "me perdoe". É ter sensibilidade para expressar "eu preciso de você". É ter capacidade de dizer "eu te amo".
Faça da sua vida um canteiro de oportunidades:
Que nas suas primaveras você seja amante da alegria,
Que nos seus invernos você seja amigo da sabedoria!
E, quando você errar o caminho, comece tudo de novo.Pois assim você será cada vez mais apaixonado pela vida e descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas é usar as lágrimas para irrigar a tolerância, usar as perdas para refinar a paciência, usar as falhas para esculpir a serenidade, usar a dor para lapidar o prazer, usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, porque a vida é um espetáculo imperdível... "

(colaboração: João Ricardo de Carvalho-Teresina-PI.)

domingo, 2 de setembro de 2007

23/08/2007 - 18h51

Medo é um sentimento de origens primitivas, diz pesquisa

da Ansa

O sentimento de medo permite decidir se devemos enfrentar ou fugir de uma ameaça, a partir de um cálculo veloz que é feito na área do cérebro responsável pelos comportamentos primitivos, afirma uma pesquisa publicada na prestigiosa revista Science.

O estudo, conduzido pelo inglês Dean Mobbs da University College London, aponta que a região do cérebro que ativa o sentimento de medo é o córtex pré-frontal.

Se uma ameaça está distante, explicou Mobbs, esta região não é ativada; se ela se aproxima, ao contrário, a ressonância magnética aponta atividade nesta que é a região dos comportamentos primitivos, associados à sobrevivência, que inclui as respostas de fuga ou combate.

A mesma região é associada com os analgésicos naturais, produzidos pelo corpo para reagir ao pânico.

O estudo foi realizado com um grupo de voluntários, cuja atividade cerebral foi monitorada enquanto jogavam "Pac Man". O personagem devia fugir dos predadores - e se capturado, recebia um choque elétrico fraco. "Quando o nosso mecanismo de defesa não funciona bem, a conseqüência é a alteração da percepção de perigo, que aumenta a ansiedade e, em casos extremos, leva ao pânico", acrescentou o cientista.

Emoções: nada como recorrer a Sartre...

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

OBSERVADOR OBJETIVO





OBSERVADOR OBJETIVO

Imagine que você pudesse se afastar uns dois metros de si, e que pudesse observar a si mesmo vivendo sua vida. Se você pudesse se olhar dessa perspectiva um pouco incomum, o que enxergaria de diferente?

Que conselhos você daria a si mesmo? Que oportunidades você apontaria para si? Que erros você diria para seu "outro eu" não cometer?

Somos grandes especialistas em observar e dar conselhos aos outros. Mas quando o assunto é observar e dar conselhos a nós mesmos, nossa visão é distorcida porque estamos intimamente envolvidos.

Dentro da sua mente, tente se afastar um pouco. Olhe para si como se estivesse olhando para outra pessoa. Descubra as coisas que são óbvias para todo mundo e dê a si mesmo alguns bons conselhos, honestos e objetivos.

Ralph Marston

domingo, 26 de agosto de 2007

Mercado e carreira de Filosofia

Quais as características que favorecem a profissão? Onde o profissional formado em filosofia atua?
O filósofo busca desvendar e explicar a personalidade e a conduta do ser humano, acompanhando a evolução do pensamento desde os primórdios.
Cabe ao filósofo despertar a reflexão nos homens, diante de si, de seus atos, da sociedade, e do mundo.
Espírito investigativo, capacidade de análise, capacidade de reflexão, gosto pela pesquisa são algumas características que favorecem a profissão.
O filósofo pode trabalhar como professor no ensino universitário ou de 2º grau, prestar consultoria a empresas para a aplicação de palestras junto aos funcionários, no setor editorial, escrevendo e analisando artigos e reportagens para revistas, jornais e outras publicações, etc.

O que é abordado no curso de filosofia?

Estética, História da Filosofia Antiga, História da Filosofia Medieval, História da Filosofia Moderna e Contemporânea, Lógica, Ética e Filosofia Política, são algumas das disciplinas do curso.
Durante o curso, o aluno terá muita leitura antiga e contemporânea, trabalhos e pesquisas.
Uma vez formado, o aluno poderá iniciar seus estudos a nível de pós-graduação, desta forma, aumentando as suas chances de no mercado de trabalho, além de aumentar seus conhecimentos.
No curso de Filosofia, o universitário aprende a conhecer todas as questões levantadas pelos grandes pensadores, alimentando a sua própria reflexão. São quatro anos de estudos e o estágio é obrigatório para as disciplinas pedagógicas. O estudo filosófico tem a intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de aprendê-la na sua amplitude, buscando conceitos e classificações.

Mercado de trabalho...

A grande maioria dos Filósofos atua no ensino de 2º e 3º graus.
Os melhores empregos estão junto aos jornais, editoras, empresas de rádio e TV, para atuar como escritor ou crítico.
A consultoria a grandes e médias empresas também oferece boas oportunidades de emprego.

Extraído do site: http://www.filosofiavirtual.pro.br

sábado, 25 de agosto de 2007

Visores enganam o cérebro e induzem experiência fora do corpo

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da Efe, em Washington

Uma equipe de cientistas induziu experiências "fora do corpo" em pessoas sadias com a ajuda de óculos de realidade virtual que confundiram os sinais enviados ao cérebro, segundo um artigo publicado nesta quinta-feira pela revista "Science".

As experiências fora do corpo, que muitos cientistas consideram indício de transtornos mentais, ocorrem quando uma pessoa em estado de vigília percebe que observa seu corpo de um lugar fora dele.

Há relatos de experiências desse tipo em condições clínicas que perturbam o funcionamento normal do cérebro. É o caso de infartos, ataques epilépticos parciais, abuso de drogas e experiências traumáticas, como em acidentes.

Segundo a revista, uma de cada dez pessoas alega ter passado por uma experiência extracorpórea em algum momento de suas vidas. Na literatura esotérica, as referências a essas experiências são chamadas de "projeção astral".

Em anos recentes, porém, diversas experiências mostraram que o fenômeno pode ser induzido pelo estímulo de certas áreas do cérebro. Freqüentemente as experiências fora do corpo começam com um sonho lúcido. As pessoas relatam ter experimentado a sensação enquanto estavam dormindo, adormecendo ou acordando.

H. Henrik Ehrsson, do Departamento de Neurociências Clínicas do Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia), afirmou no artigo da revista "Science" que "a experiência ilusória pode ser induzida em participantes sadios".

Ehrsson e sua equipe destacaram a importância dos estudos, que tentam explicar a natureza das experiências extracorporais, até agora sem uma explicação científica.

"Não existia antes uma forma de induzir uma experiência extracorporal em pessoas saudáveis, a não ser nos relatórios sem fundamentos da literatura esotérica. É uma descoberta apaixonante e com repercussões em várias disciplinas, da neurociência à teologia", concluiu.


sexta-feira, 24 de agosto de 2007

SOBRE A NATUREZA ERRÔNEA DO HOMEM.

minhas anotações sobre o fragmento da 6a. meditação de Descartes apresentado em sala de aula, estou publicando para registro...
SOBRE A NATUREZA ERRÔNEA DO HOMEM:

a) Colocação do problema e a recusa da solução materialista.

[30] – A natureza enganadora do homem, o exemplo do alimento de gosto agradável, porém envenenado, convida-me a consumi-lo e a me enganar, pois nossa natureza nos leva a desejar o alimento agradável e não ao veneno que desconhecemos = nossa natureza não conhece totalmente todas as coisas, isso é próprio da natureza finita e imperfeita do homem (limitações).
[31] – Também somos enganados pelas coisas que somos impelidos (erro evitável).
[32] – O corpo hidrópico = sensível = natureza corrompida do corpo, vontade de beber mesmo sem ter necessidade, ter sede quando é nocivo beber. A bondade de Deus não impede que a natureza do homem, tomada desse modo, seja falível e enganadora.

b) Justificação de Deus em vista da dificuldade no dado psicofisiológico do problema.

[33] – O corpo é divisível, o espírito não = espírito (coisa que pensa) não distingue as partes, é coisa única e inteira, parece estar unido ao corpo, mas se este perder uma parte ainda assim não sofrerá este qualquer perda ou prejuízo. As faculdades de querer, sentir, conceber não são partes do corpo = espírito.
[34] – O espírito percebe o cérebro, as partes são percebidas pelo espírito através do cérebro (glândula pineal).
[35] – Nervos são como uma corda estendida da extremidade ao cérebro, provoca no espírito a sensação da dor na extremidade (tal qual um feixe de fios) e retorna sempre a sua origem.
[36] – A capacidade do espírito (via cérebro) de sentir tudo o que o sentimento pode lhe causar = é útil à conservação do corpo quando este goza de plena saúde (princípio do melhor = possibilita o erro = bondade de Deus)
[37] – Ex: nervos do pé quando acionados fazem o espírito sentir a dor no pé e incentiva a protegê-lo.
[38] – Deus poderia confundir os sentidos, isto é, localizar a dor no local somente ou entre a parte e o cérebro (pé), isso, no entanto, não contribuiria para a conservação do corpo diante dos sentidos.
[39] – Sede provoca secura na garganta = o espírito traduz esta secura em sede = útil beber para conservar a saúde e tudo o mais.
[40] – Não obstante o composto corpo x espírito é falível e enganador.
[41] – O Sentido pode ser enganado, ex: apendicite, nervo ciático e a vontade de beber sem ter sede, ainda assim é melhor do que seria o contrário.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Olá!!!

Estou aqui especialmente para agradecer o convite do nosso grande amigo e pensador Francisco
pelo convite e pela criação do blog em nome da nossa turma de pensadores estudantes ou estudantes pensadores???
Bem, mas o que importa é que estamos aqui sempre inseparaveis!!!!
Um grande beijo a todos!!!!

Não adianta só fazer parte, tem de participar

Pronto amigos,
Como falamos ontem, vamos incrementar este blog com assuntos de relevância que nos interessem ou podem interessar, vamos dar vida a isto, existem muitas coisas que podemos partilhar, além da filosofia.
Se julgarem importante, escrevam, se precisarem de ajuda, peçam, sempre existe alguma coisa que podemos contribuir para com o outro, sempre há algo a aprender, a ensinar, a dividir...
Lembrem-se: "Existem momentos em que a criatividade é mais importante do que a sabedoria" - Albert Einsteim!

domingo, 19 de agosto de 2007

Metafisica de Descartes

Após um pequena pesquisa e o estudo da sexta meditação de Descartes pode conclui que a metafisica cartesiana se baseia basicamente em acreditar que a verdadeira essência das coisas esta contida na razão, e que as coisa do mundo não contém a verdadeira essência das coisas.
Ele fala que tudo aquilo que os sentidos nos mostra são passiveis de dúvida pois podem demonstrar coisas enganos. Para justificar este pensamento filosófico Descartes afirma a existência de Deus, falando que Deus seria o criador das coisa que estão no mundo se baseando na essência das coisas existem em nossa razão, estas coisas do muito exterior seriam para fazer o homem refletir sobre a verdade existência das coisas.

Espero maiores colaborações em relação ao assunto !!

até mais !!!

sábado, 18 de agosto de 2007

Nosso Blog....

Espero que nos ajude nos trabalhos, entre outras coisas...
Que dure enquanto tiver razão e força para ser, segundo os laços que nos atarem.

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