quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Estudo localiza áreas cerebrais ligadas ao otimismo

24/10/2007 - 22h07

Da Reuters

O novo estudo de um grupo de cientistas da Universidade de Nova York (Estados Unidos) apontou duas áreas no cérebro ligadas a pensamentos otimistas. O trabalho, que sondou regiões neurais ativas durante pensamentos positivos, pode ajudar a entender melhor a tendência oposta --a depressão-- afirmam os pesquisadores.

Os cientistas usaram técnicas avançadas de geração de imagens cerebrais para acompanhar a atividade mental de 15 adultos jovens --sete homens e oito mulheres-- enquanto esses voluntários respondiam a perguntas sobre cenários futuros.

As hipóteses apresentadas incluíam ganhar um monte de dinheiro, receber um prêmio, ir a uma festa de aniversário (ou a um jogo no estádio ou ao zoológico), ter uma mentira contada, terminar um relacionamento amoroso, ir a um funeral e outros.

Quando as perspectivas cheias de otimismo eram imaginadas, duas regiões cerebrais --o córtex cingulado anterior rostral e a amígdala-- se mostravam ativas nas imagens.

Semelhança

"O que é interessante é que essas duas regiões que nós vimos envolvidas na projeção de futuros otimistas também são regiões que vemos afetadas em casos de depressão", afirmou Elizabeth Phelps, uma das pesquisadoras envolvidas na pesquisa.

Ainda não está claro o que acontece de errado com essas áreas que possa contribuir para a depressão. "Mas nossos dados podem sugerir que uma das coisas que elas estão fazendo é tornar difícil pensar sobre as coisas de modo otimista. Está claro que um dos primeiros sintomas de depressão é o pessimismo", diz Phelps.

Segundo ela, a descoberta pode ajudar a pesquisa de tratamentos para a enfermidade.

O estudo do grupo da Universidade de Nova York foi publicado na revista "Nature."

Viés otimista

Córtex cingulado anterior rostral é a parte do córtex frontal (perto da testa) que pode estar envolvida em regular reações emocionais.

A amígdala é uma estrutura em forma de amêndoa no lobo temporal (perto da têmpora) medial, uma estrutura envolvida em emoções.

Entender o otimismo saudável é importante porque o otimismo é relacionado à saúde física e mental e ao sucesso.

"Nós podemos ter pessoas que não são necessariamente deprimidas mas têm níveis diferentes de otimismo", afirmou Tali Sharot, pesquisadora do University College de Londres que colaborou como o estudo de Nova York.

Expectativa

Phelps afirma que a pesquisa não está dizendo que essas são as únicas regiões do cérebro envolvidas em otimismo. Os cientistas dizem ter examinado como o cérebro gera o que eles chamam de "viés otimista".

"Humanos esperam eventos positivos no futuro mesmo quando não há evidência para apoiar essas expectativas", escreveram os cientistas na "Nature".

"Por exemplo, pessoas esperavam viver mais e melhor do que a média, subestimavam o risco de ter de enfrentar um divórcio e subestimavam suas perspectivas de sucesso no mercado."

Phelps diz que os pesquisadores tiveram dificuldade para conseguir que os voluntários pensassem em eventos puramente neutros no futuro. "Eles tendiam a torná-los positivos", disse. "Nós meio que topamos com esse viés otimista do qual os psicólogos já haviam nos falado."


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Qual é a maior estupidez brasileira?

Começa nesta semana um programa gerido por médicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para diminuir o espantoso número de estudantes que, por causa de doenças simples de serem tratadas, têm dificuldades nas escolas. O programa é patrocinado pela prefeitura de São Paulo, previsto para atingir todos os alunos da rede municipal.
Faz dois meses que os médicos da Unifesp (antiga Escola Paulista de Medicina) desenvolvem um piloto numa escola e encontraram uma galeria de horrores. É como se crianças estivessem apodrecendo por falta de tratamento médico. Algumas doenças são de fácil resolução como baixa acuidade visual e de audição. A taxa de sobrepeso é de 30%; 60% têm cáries.
O que os médicos estão constatando ocorre em todas as escolas brasileiras --e ocorre porque não se consegue um melhor entrosamento entre as áreas de educação e saúde. Estamos falando aqui de um problema que, segundo as estatísticas, atinge 40% dos alunos da rede pública. Ou seja, algo como 25 milhões de estudantes. Sei de meninos tratados como surdos, mas que não limpavam o ouvido. E de outros considerados retardados pelos professores, mas que tinham distúrbios psicológicos provocados pela violência doméstica. Há disléxicos considerados burros. Ou anêmicos chamados de preguiçosos.
Não é fácil eleger a maior imbecilidade brasileira, tamanha a oferta de candidaturas. Pelo impacto social, meu voto vai pela falta ou precariedade de programas de saúde escolar. Só um estúpido completo é capaz de imaginar que vamos melhorar nossos indicadores educacionais com crianças que não ouvem e não enxergam direito.
PS- Se Gilberto Kassab conseguir tocar esse projeto, terá realizado sua maior contribuição à cidade de São Paulo. Muito maior do que a Cidade Limpa que, apesar de seus méritos, é uma obra de fachada. Não existe pior poluição do que a falta de saúde e a falta de educação. Se bem sucedido (o que, em se tratando de poder público, é sempre uma dúvida), a Unifesp poderá disseminar esse modelo em todas as grandes cidades, onde, em geral, a saúde escolar é, quando existe, pífia.

Gilberto Dimenstein - folha on-line.

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